FIM

Ahhh, o verão!
Ele finalmente tinha chego.
Eu amava férias de verão, com muito calor, muito sorvete, muita gente bonita quase sem roupa e, claro, muita praia.
A praia é o recanto dos adolescentes. É onde nos encontramos e, mesmo sem nos conhecer, sabíamos que ali era o nosso lugar e que, ao irmos embora, teríamos lembranças pra vida toda. Havia também aquela parte dos amores de verão, mas eu nunca tinha me aventurado nisso porque, até então, eu era uma gorda na praia que não tirava a camiseta nem pra ir no mar. Mesmo de camiseta, ouvia uns "baleia" às vezes.
Só que agora eu era magra, então eu acho que realmente teria muito divertimento nos próximos dias.
Eu estava quase terminando de arrumar minha mala. Pela primeira vez, ao invés de camisetas GG, eu tinha baby looks M (ok, eu ainda não era nenhuma modelo, mas agora eu era normal. Eu finalmente tinha deixado de ser um ponto de referência) e shorts jeans no lugar de bermudas de lycra ajustáveis a vários tipos e tamanhos de bundas.
Eu tinha perdido, suadamente, 30 kilos. Eu via a vida por outra perspectiva.
Enquanto eu arrumava a mala e cantava Hero, da Mariah Carey, em alto e bom som... Minha mãe abriu a porta com um simpático pacotinho na mão. Era pra mim. O Natal já tinha passado, mas parece que um presente atrasado estava em minhas mãos.
Minha mãe ficou me observando abrir a caixinha, e deu um sorriso quando eu tirei um coração vermelho de pelúcia com os seguintes dizeres: "Serei sempre o colega de classe que sentava na sua frente. Com carinho, Mário".
Meu queixo caiu.
O Mário?
O Mário sem coração?
Sem sentimentos?
Não, não era possível.
Minha mãe fechou a porta do quarto e me deixou olhando palidamente pra pelúcia vermelha em meus braços.
A escola tinha acabado pra sempre. Eu agora pensava nas férias e na faculdade que viria.
Entretanto, algo mudou naquele dia.
Eu estava acostumada a sofrer por amores platônicos quando minha esperanças de esvaiam ralo abaixo.
Só que agora, pela primeira vez na vida, eu também havia partido um coração.