segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Aparentemente

Tudo não passava de uma grande mentira. A vida de sorrisos, de restaurantes chiques, de baladas, de maquiagens maravilhosas... Era a fachada daquela menina bonita. Ela sabia como ser bonita era bom e ruim. Adorava os olhares, mesmo que disfarçados ou desperdiçados. Sabia que cada um tirava um pouquinho dela, e sabia também que cedo ou tarde haveria de encontrar pessoas com as quais tentaria abrir seu coração.
As pessoas a adoravam, a admiravam, queriam estar perto dela. Gostavam de tê-la, de dar-lhe a mão e desfilar ao seu lado, de mostrá-la como conquista. Depois de um tempo, entretanto, era sempre a mesma coisa: um coração partido e alguem contando vantagem pra sempre. Não sabia porquê acreditava nas pessoas, porquê as deixava partilhar seus bons momentos. Pior, não sabia porquê nunca as esquecia.
Já fazia muitos anos desde a última desilusão. Muitos anos desde as últimas lágrimas e os desfechos sem sentido nos quais ela passou anos acreditando, e se culpando por não ser capaz de conquistar. Pensou que não podia amar. Tornou-se insensível, a maior que já conhecera. Parou de acreditar nos outros e começou a usá-los, como sempre fizeram com ela. Foi mais fácil, é verdade, mas aquele vazio no fundo do peito continuava lá, como um monstro adormecido. Ela sabia que não poderia mantê-lo calmo pra sempre se quisesse uma vida plena e feliz. Teria que arriscar, pelo menos mais uma vez.
O grande defeito dela era que ela se fazia de forte, mas era só mais alguém querendo encontrar seu lugar no mundo.

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