Um belo dia ela estava lá, feliz e saltitante, pensando no que comprar pro jantar do maridão. Tinha decidido pela costela, e estava exatamente escolhendo a sobremesa quando o celular tocou. Huummm, número desconhecido, no mínimo era de algum telemarketing de cartão de crédito.
- Alo, Paula?
Silêncio do outro lado da linha.
Aquela voz... Ela conhecia. Era a voz dos seus sonhos quase diários, a voz do homem que ela amou e desejou secretamente, mas que... O que mesmo tinha acontecido com ele? Ela nem se lembrava mais. Sabia que as vidas antes tão próximas haviam se separado para sempre, pelo menos até o momento.
- Oi... Sou eu.
- E ai, td bem? Vc sabe quem está falando?
- A-c-c-c-c-h-h-h-h-o que sim - uma puta de uma mentira!
- E ai, como você está, o que tem feito?
Ela esqueceu do carrinho de compras, da costela, da sobremesa. Esqueceu sua vida construida, seu marido apaixonado e seus votos de fidelidade eterna. Pela próxima hora, abriu seu coração e falou que nem uma idiota, contando tudo que estava dentro de si pr'aquele que a conhecia mais que si mesma. Era o caso ao acaso dela, a porta que ela não fechou, que ele não fechou, mas que a vida separou. Ela sabia que a gente só se separa do que e de quem a gente quer, mas quando ele se mudou pra Toronto ela achou que era hora de deixar pra trás. Ela deixou, seguiu seu caminho. Mas não fechou a porta. No inconsciente de seus mais maravilhosos sonhos, era ele quem segurava sua mão.
Ele havia ficado fora tanto tempo (5 ou 6 anos, talvez) que ela pensou que ele não voltaria mais... Mas voltou, e lembrou, e ligou, e fez seu coração sair pela boca, como se ela fosse uma adolescente ingenua que acredita em príncipe encantado.
Indo contra todas as regras morais daquele mundo normal que ela odiava, ela se deixou envolver. Se deixou vê-lo, mesmo sabendo que era um erro e que ela não resistiria ao passado. Se entregou e permitiu-se sentir novamente aqueles lábios macios e aquelas mãos carinhosas passeando por seu corpo. Ela era feliz com seu marido, mas ele... Era diferente de tudo. Era perfeito pra ela. Era a metade da laranja que todo mundo fala. Era a metade dela, seu igual masculino. Aquele que pouca gente encontra pela vida. PIOR, ele sentia isso por ela e sabia que a perfeita combinação dos dois era surreal.
Depois daquele encontro, ela não conseguiu evitar se re-apaixonar por aquele que ela nunca havia deixado ir. Suspirou até limpando a casa. Suspirou por outro homem enquanto andava de mãos dadas com o seu, que pouco entendia o que tinha acontecido com a mulher de seus sonhos, que agora era distante, mas parecia estranhamente feliz.
(CONTINUA)
(CONTINUA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário