Depois de alguns anos na profissão e de ter me tornado uma stressada crônica aprendi a identificar o perfil do cliente que procura por cada cidade do mundo.
Temos o cliente San Diego. Provavelmente é jovem, descolado, curte esportes e badalação.
Há o cliente Flórida em geral. Esse, não importa pra qual cidade ele vá, ele ou quer morar na Disney ou é podre de rico e tem casa de veraneio em Miami Bitch. Nas duas ocasiões, ele veste Abercrombie e Hollister.
O cliente fashion e que almeja o sucesso vai pra NY. Ele com certeza vai reclamar que tava cheio, que a acomodação era uma bosta, mas vai voltar trabalhado no glamour de ter andando pelas ruas de Sex and The City. Volta a pura Sarah Jessica Parker.
O cliente inseguro e estudioso provavelmente vai pro Canadá. Tem expectativa baixa, não quer se surpreender ou ter fortes emoções. Ele quer segurança, por mais inseguro que seja. Volta surpreendido, assim como eu voltei quando conheci o simpático país.
Os com destino à Europa são os que querem status e/ou desprezam o Brasil. "Quando eu morei em Londres" ou "Em Madrid a balada não era assim" são as frases que você, por participar de seu cotidiano, mais vai ouvir. A Europa impreguina neles, e eles passam a ser parte do velho continente tanto quanto o velho continente passa a ser parte deles. Por um lado é bom pq, pelo menos enquanto moraram lá, aprenderam alguma coisa de história e passaram na frente por um museu.
O cliente África do Sul é uma raridade. É o cliente sem preconceito nenhum e que sabe que a África é linda, assim como o Brasil, e tem graves problemas a resolver, como o Brasil. Ele os enfrenta, se diverte e transforma Cape Town em palco de inesquecíveis momentos. São clientes corajosos, eu os invejo e admiro. Tiro meu chapéu.
O cliente NZ é aquele caseiro, aquele família. Curte um videogame, provavelmente é bem inteligente e já tem consciência sócio-ambiental. São seres mais evoluídos, e serão plenamente felizes lá.
Os que vão pra Austrália são da minha lista de clientes que guardo no coração. A Austrália muda as pessoas, as transforma em seres que sabem o que é bom nessa vida. São clientes jovens, desbravadores, que não vivem sem o sol, sem o inglês, sem frutas, sem TimTam. E são lindos. Todo mundo que vai pra Austrália tem uma alma reluzente.
Por último, os meus prediletos: os Boston. O cliente Boston é o que eu nunca nuNca nUNCa NUNCA gostaria de ter no meu caminho. Eles se acham inteligentes, ricos, sociáveis e super cool. Provavelmente são advogados sem amor que leem todas as regras do contrato, questionam e praticamente abrem um inquérito policial se a acomodação em quarto individual em residência naquela escola famosa não confirmar. E chuta? NÃO vai confirmar. A gnt já sabe. Na hora que um cara desses assina o contrato eu já tremo, pq já sei que os R$ 50 que ganho por ele não vão pagar nem a primeira caixa de calmantes que eu vou precisar.
O cliente Boston pode ficar indeciso e pensar tb em San Francisco. Twin cities. O jeito é respirar bem fundo, exorcizar o pensamento negativo e fingir que ele é um cliente Honolulu, que nunca mais na vida vai te procurar.
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