Rascunho 2

Você acha que é legal ser adolescente? Vou te contar uma coisa: não, não é!
Ninguém tem tantas dúvidas quanto a gente, ninguém ama mais do que a gente e, por consequência, ninguém sofre mais do que a gente. Dizem por ai, também, que ninguém tem tantas alterações de humor como a gente (mas eu sinceramente não sei do que eles estão falando).
O que eu sei é que é uma merda ser uma adolescente gorda.
Ninguém olha pra você, a menos que seja pra fazer piada.
Ninguém se aproxima de você com intesses românticos porque, afinal, nem você gosta de si mesma, como alguém mais poderia se atrever?
Minha querida amiga estava lá, dando aulas de matemática pro grande amor da minha vida. Enquanto isso eu decidia se ia afogar minhas lágrimas, minha raiva, meu rancor, minha ansiedade, e todos os outros problemas... Com um pote de sorvete de chocolate ou com o bolo que minha mãe tinha feito pro café da tarde. Acabei decidindo por misturar os dois e ser feliz comendo todos aqueles kilos hipercalóricos.
Eu não queria ir pra escola de jeito nenhum, escutar as "novidades felizes" da Emily que, sem ela saber, matavam o sentimento mais puro que eu tinha. Mas, graças às insinuações da minha mãe sobre o que aconteceria se eu faltasse pela 3ª vez seguida (coisas do tipo me proibir de usar o telefone ou a internet - mães sabem muito bem sobre a nossa dependência química com a tecnologia, as redes sociais e as mensagens instantâneas), acabei indo assistir aula.
- Cath! Tenho tanto pra te contar! - disse minha querida Emily.
Eu realmente não queria ouvir.
- Eu posso imaginar! Mas pode ser depois da aula? Preciso copiar uma lição com alguém na sala. Vale nota e eu me esqueci completamente! - disse já me esquivando e saindo pela tangente.
Ela me olhou com aquela cara de desilusão, mas aceitou numa boa e disse "Ok, no intervalo então".
Entrei na sala agradecendo à Deus por ter conseguido adiar a sessão tortura. Sentei no meu querido lugar: fileira da parede, segunda carteira (coisa de nerd!). Eu sentava lá por opção, e a carteira da frente ficava sempre vazia.
Não naquele dia.