terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O sentido da vida

Eram seis da manhã quando o telefone tocou. Coisa boa não podia ser mas, sonolenta e assustada, só consegui dizer alô. Ouvi as palavras baixas e tristes da minha amiga. Cada sílaba e cada lágrima eram um pedaço daquela dor que, a partir daquele momento, era minha também.
Nunca é possível entender, no calor da emoção, porquê chegou a hora de alguém. Porquê alguém foi embora da sua vida, da vida de todos, daqui de perto. Ainda mais alguém como o João. Acho que nunca vi alguém tão feliz e tão sábio pra aproveitar a vida como ele. Alguém com um sorriso tão sincero, uma garra tão grande de vencer, um entusiasmo tão fantástico a ponto de contagiar qualquer pessoa, dos mais tímidos aos mais carrancudos.
De tudo que já senti na vida, acho que esse é o sentimento mais diferente. As lágrimas simbolizam a dor, mas tem mais, muito mais. Tem aquele pedaço que ficou faltando, tem aquelas lições que agora eu preciso me lembrar, e guardar ainda com mais cuidado dentro de mim. Tem as mágoas grandes que agora são ínfimas - existiram mágoas? Tem o carinho pela família, a preocupação com cada um, e com cada uma das filhas maravilhosas que ele deixou aqui, pra gente olhar agora. Tem a esposa, com seu ar de força, que deve estar aos trapos agora e que eu to doida pra abraçar, mesmo que isso não importe muito.
Entrei na internet e procurei conforto, eu acho. É muito cedo pra qualquer pessoa passar por aqui. As notícias não importam, o que importa não está noticiado, está apertando aqui dentro. O único conforto nessas horas são os amigos que você criou e a família que consegue de dar um norte.
Que Deus te receba de braços abertos, e que você fique em paz, sentindo a saudade que deixou aqui com a gente. Obrigado, namorado.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi, Carol.

Que texto maravilhoso.

O João era uma pessoa muito especial que deixou muitas saudades em todos que tiveram a oportunidade de conhecê-lo...