quarta-feira, 20 de março de 2013

O dia que mudou minha vida

Hoje, sei lá porquê, me lembrei do dia que mudou minha vida pra sempre. Acho que todo mundo tem um dia desses marcantes, um dia que você não esquece nunca mais. O meu foi dia 31 de março de 2003, há dez anos atrás. Nesse dia, pela primeira e mais doída vez na vida, eu tive meu coração picado e estilhaçado de forma irreparável. Ele nunca mais bateu como naquela vez, nunca mais cicatrizou aquela dor, aquela perda, aquele amor.  Eu lembro do dia e meu coração já dispara, já aperta e parece que já começa a doer tudo de novo. Uma dor que massacra. Uma dor que nunca me deixou completamente, que me mudou de forma irreversível.
Você me disse "adeus" porque "éramos felizes demais". Qual o problema disso? Nunca consegui responder essa pergunta, nunca consegui entender o que fiz de errado em amar você com todo o meu coração. Entreguei meu coração cedo demais, jovem demais. Amei você por muitos anos de forma pura e você realizou o sonho da minha vida. E isso é algo que futuro feliz nenhum apaga de mim.
Lembro de nós dois, sentados de índio, conversando. Minhas lágrimas não escorreram ali, minha ficha não caiu e eu não entendi suas palavras. Voltando pra casa, pensando em tudo que me falou, eu fui virando pó. Cheguei em casa e chorei, chorei dias. Chorei em casa, chorei no metrô, chorei na sala de aula, chorei no banho. Parei de ir pra escola, parei de praticar esporte, parei de atender o telefone. Me voltei pro refúgio que eu conhecia tão bem na vida: a comida. Comi, comi todos os 40 kilos que tinha perdido com tanto esforço. Deixei a depressão me acometer e me dominar. Não lutei, nem tentei. Eu não quis mais viver, não quis mais acreditar nas pessoas, não quis mais parar pra escutar o sentimento dos outros depois do seu adeus.
Anos depois, eu comecei a reagir. Perdi uns kilos aos poucos, fui começando a sorrir novamente. Mas eu não era mais a mesma. A Carol alegre, simpática, sincera, confiável, amavél, amiga, sorridente tinha morrido pra sempre. Eu nunca mais confiei em ninguém. Nunca mais abri todos os meus segredos. Nunca mais permiti que ninguém tivesse 100% do meu coração ou soubesse 100% da minha vida. Aprendi a jogar o jogo da vida, aprendi a ter cartas na manga e me tornei cruel, fútil e autosuficiente. Me tornei amarga, mau humorada e descrente. Me tornei a Carol que vocês veem por ai de cara fechada e não tem a mínima vontade de conhecer. Eu nunca mais fiz questão de ninguém, nunca mais demonstrei todos os meus sentimentos, nunca mais deixei que minha vida dependesse da vida de outra pessoa.
Hoje tenho quase aquele corpo, quase aquele sorriso e quase aquele coração que se quebrou há dez anos atrás. Hoje eu tenho minha carcaça de proteção que, depois de você, eu nunca mais tirei pra ninguém. Aprendi a me entregar a medida que as pessoas iam se entregando também. Aprendi a dar aquilo que recebia, aprendi duramente a esperar menos (ou nada) das pessoas que me cercam.
Ai logo hoje, não sei bem porquê, sua memória me veio, e me senti desprotegida. Nunca consegui me proteger de você, e agradeço todos os dias a Deus por ele nunca mais ter cruzado nossos caminhos.
São muitas cartas não entregues, milhões de palavras não ditas e um sentimento sufocado de uma adolescente que conheceu o amor por apenas um mês na vida dela. Você destruiu todas as minhas esperanças de me tornar uma adulta moderada e uma mulher que não teme a vida e nem o amor. Me tirou a coragem de arriscar e de lutar por aquilo que eu realmente sinto e acho que é certo. Você tirou meu brilho, e levou ele com você.

Nenhum comentário: